
Sem acompanhamento, cirurgia bariátrica pode até levar à morte

A cirurgia bariátrica é um procedimento complexo e, como toda intervenção cirúrgica, pode ocasionar complicações no paciente. Sem o acompanhamento multidisciplinar adequado, a operação pode trazer consequências como reganho do peso, deficiência de nutrientes, problemas psicológicos, coagulação, fístula, reações fisiológicas exacerbadas e até mesmo levar à morte.
Durante o processo, o organismo passa por alterações que vão muito além da perda de peso e exige uma adaptação completa do estilo de vida, o que evidencia a importância de um tratamento multidisciplinar durante todo o processo.
São grandes as chances de sucesso para aqueles que têm acesso a um bom acompanhamento no pré e pós-operatório, junto a uma equipe multidisciplinar (médicos, nutricionistas e psicólogos). Afinal, a redução do estômago exige essa atenção redobrada e somente a partir desse esforço conjunto é possível rever hábitos e adotar um novo estilo de vida.
Quais cuidados devem ser tomados após a realização da cirurgia bariátrica?
Durante os primeiros dias, o acompanhamento nutricional é fundamental, tendo em vista que o maior desafio é conciliar nutrição e hidratação adequadas ao estômago, que passou a ser muito pequeno. A quantidade de água recomendada tradicionalmente, de dois a três litros por dia, continua valendo, mas o paciente precisa fazer a ingestão em porções muito pequenas, tomadas várias vezes ao longo do dia.
No que tange à alimentação, o paciente deve seguir dieta líquida durante 15 dias, passando para uma dieta pastosa ou branda até ser liberado para a dieta sólida. Em geral, essa fase demora 30 dias.
Após o procedimento, o paciente passa a comer uma quantidade bem menor e, às vezes, cai também a qualidade da alimentação. Tal quadro pode induzir à carência de macro ou micronutrientes, como vitaminas e minerais, gerando vários problemas de saúde como, por exemplo, anemia, queda dos dentes ou cabelos.
Além disso, durante seis semanas, o paciente também não deve fazer grandes esforços. Por outro lado, a recomendação não deve ser entendida como desculpa para não se movimentar. É essencial se manter ativo e fazer leves caminhadas. Nesse quesito, o acompanhamento com profissionais da área se torna essencial para a manutenção do peso e ganho de qualidade de vida.
Quem sofre de transtornos alimentares pode ter um resultado negativo após a cirurgia?
Sob o ponto de vista comportamental, um dos maiores riscos da cirurgia é o desenvolvimento de transtornos alimentares ou, ainda, a intensificação dos que já existiam antes da cirurgia e não foram diagnosticados adequadamente.
Portanto, para quem deseja realizar a cirurgia bariátrica, a avaliação psicológica é um procedimento obrigatório. É através dela que os especialistas avaliam a presença de transtornos como a depressão, a ansiedade e a compulsão alimentar, sendo acompanhados por vários profissionais de saúde.
Além de também auxiliar os pacientes a diferenciarem “o que é fome” e “o que é vontade de comer”, por exemplo. Durante o período conhecido como “lua de mel”, que dura em média de seis meses a dois anos, a perda de peso é acelerada e a felicidade diante do espelho é grande.
Passado esse período, o peso pode estacionar e o paciente pode acabar voltando aos antigos comportamentos.
Com isso, pode voltar a ganhar peso, se sentir frustrado, passar a comer por motivos emocionais e até mesmo querer apostar em dietas restritivas, que são ainda mais perigosas para os pacientes bariátricos.
Após a realização do procedimento, os cuidados devem ser redobrados. Isso porque é bastante comum que o corpo fique desnutrido, uma vez que a ingestão de comida diminui brutalmente em função da diminuição do estômago.
O paciente deve ficar em repouso por mais tempo para que a cicatrização ocorra adequadamente.
Como fica o estômago após a cirurgia bariátrica?
Após a realização da cirurgia, o estômago do paciente acaba ficando com capacidade reduzida, podendo consumir de 25 ml a 200 ml (equivalente a um copo americano). A cirurgia afeta ainda a produção do hormônio da saciedade, o que diminui a vontade de comer, mas a redução da capacidade é a principal responsável pelo emagrecimento.
Bariátrica deixa o organismo propício ao surgimento de um câncer?
Para um grupo de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), que resolveu estudar o que acontece quando se grampeia o estômago de uma pessoa obesa, numa cirurgia bariátrica, e deixa-se uma parte desse órgão sem uso, ele pode se tornar um ambiente potencialmente propício ao surgimento de um câncer.
Após anos investigando o assunto, os especialistas identificaram que o órgão, mesmo abandonado, abriga uma intensa atividade lá dentro.
O estudo foi realizado a partir da avaliação minuciosa de 20 mulheres submetidas ao by-pass gástrico — uma das cirurgias mais utilizadas no tratamento da obesidade.
As voluntárias passaram por um tipo especial de endoscopia, acompanhados de biópsias, antes e depois do procedimento. As alterações descritas foram observadas apenas três meses após a operação.
Portanto, todo cuidado é pouco. Arriscar a saúde em um procedimento cirúrgico não é indicado no caso da obesidade, já que a doença pode ser tratada de forma ambulatorial, com métodos naturais e seguros. O mais recomendado é procurar uma equipe interdisciplinar para tratar a obesidade em todas as suas frentes.
